Como é aquela frase do Mujica sobre não ter as coisas?
Quero ter o suficiente para viver com dignidade, mas não tanto que eu me torne escravo do que possuo.
Isso me pegou! Pegou muito — uma facada na alma daquelas que são — desculpe o termo — fodas de curar.
Sim, eu já era mordido pelo mosquitinho das ideias de Pepe, e a recente morte dele me fez refletir cada vez mais. É aquela história sabe, de ter dinheiro demais dá dor de cabeça… Só que aí eu passei muito tempo pensando… Mas… Qual é o valor limite, quero dizer qual o montante que se deve ter todo mês.
Portanto cheguei a mesma conclusão do uruguaio, mas nas minhas palavras:
Quero ter o suficiente pra ter uma vida tranquila, sem grandes luxos, mas com um pouco que eu possa aproveitar;
Quero não precisar me preocupar com o dinheiro, não quero fazer contas minuciosas e planejamentos extremos;
Não quero lidar com investimentos complexos nem com a multiplicação de dinheiro;
Não quero ter empregados;
Quero que ainda sobre no mês mais do que eu preciso pra ajudar a quem precisa.
É foda pensar que dificilmente vou ter o que quero. Mas é importante entender que não se pode ter tudo o que quer.
E PUTA MERDA, só de não se preocupar com o dinheiro já seria maravilhoso.
É que eu fui criado com privilégios,
digo, não passei as necessidades que grande parte passa, mas também tive momentos de luxos e momentos de apertos. Não sei como é ser pobre, mas sei como é pagar aluguel, sei como é contar o dinheiro e equilibrar as coisas.
Ao mesmo tempo em que há muita gente financeiramente muito mais na merda do que eu... Sei também que tem uma parcela que tá há um abismo de distância de riqueza.
E cada vez mais eu penso que temos que frear, temos que depender menos das coisas prontas, temos que aprender a plantar e a colher, aprender a construir e a sobreviver, aprender a dividir o pouco mesmo que seja muito pouco.
Me sinto sujo
Me sinto sujo de tecnologia, sujo de capital, sujo por ver que eu tenho e outros não tem. Sujo por depender das grandes empresas e não saber fazer o que nossos antepassados tinham como conhecimento básico.
Mas eu amo a tecnologia. Amo ver como evolui, como aprende, como facilita.
Que pena que é uma faca de dois legumes, as vezes devaneio com a ideia de como seria se a tecnologia fosse usada só pra ter o suficiente para viver com dignidade, mas não tanto que eu me torne escravo dela.
Ainda não sei como me sujar só um pouquinho
Onde está a linha que divide o suficiente de sugeira que é considerado saudável, cadê essa régua? Onde está a medida? Será que viver o capitalismo e suas evoluções é como um remédio? As vezes necessário, mas se tomar a dose errada vira veneno?
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Obrigado por ter lido até aqui. Isso já é muita coisa. 🌿